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Quando o Outro Desaparece Sem Explicação: Orientações para Superar o Ghosting

Tempo de Leitura: 3 min

O ghosting, este fenómeno tão presente nas nossas vidas, deixa-nos com uma sensação de desolação e rejeição, como se fôssemos insignificantes a ponto de não merecermos uma simples resposta. A falta de dignidade no trato com o outro é evidente, deixando-nos a questionar o nosso próprio valor.

A experiência de sermos ignorados após enviarmos mensagens é dolorosa. Sentimo-nos rejeitados, perdidos num vazio de incertezas. E como lidar com isso?

Uma abordagem direta ao outro, se possível, expressando os nossos sentimentos e questionando o motivo deste silêncio, pode ser um caminho rápido para encerrar este ciclo de confusão.

É comum procurarmos respostas, refletindo sobre o que terá ocorrido do outro lado do silêncio. A ciência, contudo, recorda-nos o seguinte: estatisticamente, a resposta mais simples é a que mais vezes está na base da explicação em fenómenos que não compreendemos bem. Por vezes, aceitar que o ghosting é uma mensagem bastante direta pode poupar-nos muitos dias de sofrimento…

Se nos sentimos rejeitados, é importante desvalorizar a opinião do outro, que não se digna sequer a responder-nos. A maneira como alguém trata os outros reflete o seu mau caráter e não o nosso. Perguntamo-nos que tipo de pessoa é capaz de ignorar o outro, desperdiçando o seu tempo? Esta atitude revela falta de respeito, lealdade, consistência e empatia. Que significado tem a rejeição por parte de alguém que tem estas características.

Supondo que a outra pessoa eventualmente gostasse de nós e existisse uma remota possibilidade de nos relacionarmos com ela, é importante refletir que provavelmente não gostaríamos de estar com alguém que possuísse estas características, este caráter. A falta de frontalidade, lealdade e empatia são pouco promissoras de uma relação saudável e longa. A confiança e a lealdade são alicerces fundamentais em qualquer relação, sendo que o ghosting revela uma falta alarmante destes elementos básicos…

Quando nos deixam pendurados, a tentação de criarmos boas teorias para relativizar o silêncio alheio é real. É como embrulhar uma atitude desagradável e uma situação difícil num papel bonito e oferecermos a nós próprios um presente desagradável. E a razão inconsciente pela qual fazemos isto é a de que queremos manter a ligação a uma pessoa que se desligou de nós, sem sequer se dar ao trabalho de justificar. Perceba se vale a pena prolongar o vínculo com alguém que não nos respeita a nós e aos nossos sentimentos.

Experimente colocar-se no lugar do outro, invertendo as posições. Seria capaz de deixar alguém pendurado na expectativa de um relacionamento, simplesmente desaparecendo sem dizer nada? Negar uma resposta é de facto uma falta de respeito para com o outro e pode ser equiparado a uma espécie de bullying emocional, uma vez que se impede o fecho de um ciclo, deixando o outro a remoer em porquês. Muitas vezes as pessoas sentem que são tão más que nem sequer são dignas de uma resposta. Já se viu nesta situação?

Para não ficar pendurado, é importante refletir sobre quantas situações na vida permanecem sem se fecharem, desde relações familiares a amizades que se dissipam sem motivo aparente. A vida é mesmo assim e cabe-nos a nós decidir se nos queremos adaptar ou sofrer. E normalmente a vida tem sempre razão. Somos nós que nos temos de adaptar à vida e não a vida a nós. A brevidade da vida recorda-nos acerca da importância de fazer escolhas conscientes sobre como investimos o nosso precioso tempo. Diante deste curto período, surge uma questão importante: optar por relações que nos alimentam ou desperdiçar a preciosa energia em ligações que nos desanimam, nos põem para baixo?

Vale a pena canalizar a nossa vitalidade e tempo em direção a alguém desprovido de escrúpulos, que nos utiliza e descarta sem qualquer explicação? Reflita sobre a energia que gasta ao alimentar fantasias acerca de narrativas interrompidas e considere se não seria mais proveitoso investir esta mesma dedicação na construção de uma história nova e mais feliz.

Uma das qualidades que devemos cultivar para alcançarmos a felicidade é exatamente aprender a fechar ciclos que ficaram suspensos. Embora muitas coisas na vida permaneçam em aberto, nós temos o poder de decidir fechar os nossos ciclos e construir a felicidade noutros lugares. Assuma o leme do navio e navegue ao sabor das suas próprias intenções sem se abandonar às correntes incertas do oceano.

Recorde, há muitas histórias possíveis e o mundo está repleto de oportunidades com tantas outras pessoas que aguardam para compartilhar os capítulos significativos das suas vidas connosco. Nós temos o poder de construir a nossa história.

Pedro Abranches, Psicoterapeuta Transpessoal

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